Eanna: Santuário Travesti é uma peça feitiço, uma celebração de mitologias transviadas, que nos contam sobre a existência de corpos dissidentes desde, pelo menos, a Suméria Antiga. Em tempos de catástrofes climáticas e pandemias desestruturadoras, ainda conseguimos encontrar tempo para punir, perseguir, maldizer um corpo diferente do nosso.
Em Eanna, invocamos a Deusa do amor para nos lembrar que só sobreviveremos aos próximos dilúvios quando, enfim, aprendermos a estar juntes, em comunidade. O Santuário Travesti une o corpo considerado profano ao sagrado, retomando os tempos antigos onde corpos dissidentes entoavam cânticos nos templos de Inanna, na Suméria, nos cultos de Cibele, na Anatolia, e na Casa de Afrodite, em Corinto.
O Brasil de 2022 segue sendo o país que mais mata e mais consome pornografia de corpos trans. Pois então, lavemos o imaginário de morte e fetichismo para celebrar nossos corpos com vida, com honra, com tesão, com amor, em festa! Eanna Santuário Travesti nos lembra do ato simples e revolucionário, ingênuo e sábio, bobo e transformador de simplesmente amar. Se a segregação foi o que salvou a humanidade do dilúvio, agora só o que vai nos salvar é a união.
Ficha Técnica:
Elenco: Helena Agalenéa e Angelíque Farnocchia
Direção: Carolina Baraglio e Flávia Pagliusi
Produção: Núcleo Ponte
Comunicação: Miguel Von Zuben